sexta-feira, 18 de novembro de 2011

10 dicas para superar o apego ao apego – ou o apego à ideia de que você ainda está naquela que, quem sabe!, já superou...

1.        Aprenda a distinguir o que diz o seu ego do que diz a sua alma. Pode parecer que é tudo igual, mas não é a mesma coisa. O ego, quando o relacionamento acaba, vai ficar cobrando de você que cobre a atenção da pessoa de quem você se separou, vai fazer tudo pra lhe dar a sensação de que você não vive sem ela, vai lhe fazer sentir culpada quando estiver feliz. Tudo firula! O ego, no seu intuito de reinar, amarra você nas coisas velhas, nas lembranças, no passado. O ego não é você. Você é muito mais que o ego – por isso, comece a cultivar sua relação consigo mesma de formas bem mais profundas e constantes – ainda que isso lhe custe muito em tempo e dedicação.
2.      No percurso em direção à sua alma, escute mais do que fale. Outra grande “qualidade” do ego é não calar nunca – é um bavarde incansável. Por isso, se permita o silêncio. Se permita a solidão. Se permita estar sozinha até de você, que é um estado meditativo a que se chega quando minimamente o ego consegue se calar. Pra chegar a isso, algum esforço será necessário – mas há quem diga que, mais que esforço, é só deixar de drenar energia para aspectos negativos de si mesma que se pode acessar a própria força, o que já dispensa os es-forços.
3.       Apesar do medo de se saber sozinha e de ter todos os seus referenciais anteriores destruídos, não se apavore. Encare tudo o que vier pela frente: os seus sentimentos mais inferiores vão todos ganhar força nessa hora, porque quando se começa um trabalho de limpeza interior, os demônios (ou as paixões) que trazemos todos se assanham, temendo perder seu poder sobre nós. O seu ciúme, a sua inveja, os seus medos todos vão se agigantar. É preciso ter a firmeza de uma árvore, que deixa o vento balançar as folhas mas cujo tronco se segura por ter raízes bem fincadas. A sua alma são as suas raízes: o que não se vê é justamente o que dá nosso sedimento.
4.      Ore. Ore pra tudo aquilo em que acredita – e, mesmo, pro que não acredita, mas supõe possa haver alguma possibilidade de lhe acudir. A oração é uma forma de re-ligação. Com você, com o universo, com o deus ou a deusa interior. Nunca é demais orar. Mesmo orações muito simples podem lhe ajudar, quando o que se deseja é restabelecer as conexões perdidas ou enfraquecidas pelo momento. Ore. Faça de sua vida uma grande oração.
5.      Não desista das decisões que tomou, no sentido de se afastar da pessoa que ainda julga amar. Uma das armadilhas do ego é a de se conectar com a sombra da outra pessoa – e, nessa relação que a partir de então se torna doentia, alimentar ainda mais o seu sofrimento. O ser humano não nasceu para sofrer, a despeito de tudo o que existe de afirmação em contrário: nasceu para ser feliz. E se sofrimento tem que haver, que seja o de se deparar consigo mesma, com seus limites, seus traumas – e trabalhar para superá-los. Entrar em contato consigo mesma, não raro, pode nos causar uma profunda dor. Mas essa dor tem seus frutos – já a de se conectar com a sombra alheia, não. É uma escolha sua, então, saber qual dor prefere viver.
6.      Olhe com amor – e, se não for possível, com compaixão – tudo o que estiver ao seu redor. Vai haver momentos em que a sensação de que nada faz sentido vai lhe assolar. É hora de ter tarefas, pequenas tarefas que sejam, que a ajudem a ir restabelecendo sentido no seu cotidiano, na sua vida, no seu mundo. Como tomar conta de si nessa dimensão consome muita energia (geralmente estamos completamente distraídas de nós mesmas, seja pela forma como sempre fomos [mal] tratadas [por nós e por outrem ao longo da vida], seja porque o olhar-se exige uma certa dose de coragem), é bom mesmo não ter grandes trabalhos. O pouco que se fizer e ajudar na tarefa de reconstrução de si mesma é muito. Pouco é muito, nesse caso.
7.      Divirta-se. É importante contrabalançar o trabalho interior com uma boa relação com o mundo exterior. Nesse sentido, faça o que lhe der vontade. Quebre com a rotina, faça as coisas em horários diferentes, deixe a casa virar uma bagunça – ou, por outra, se o que lhe faz bem é por as coisas em ordem, faça-o também. O importante é se permitir. Você esteve tão presa (não de outrem, mas das amarras que se impôs para ser aceita) a vida inteira, que é preciso romper um pouco, quando não muito, com qualquer convenção. E nisso pode ser que você aceite a decisão da outra pessoa, no sentido de lhe deixar. Sendo essa uma parte muito delicada do processo, só mesmo vivendo e experienciando outras práticas é possível a aceitação não como imposição, mas a partir da compreensão. E nisso, nada como divertir-se pra poder ser, e conceber outrem, feliz sem mais pesar.
8.      Não acredite que qualquer desses conselhos vai resolver sua questão. A sua questão, só você, com você, vai resolver. E assim: talvez não se resolva nunca! Mas quem sabe pode ser possível uma boa convivência entre você e você mesma. O que, de quebra, pode ter como saldo uma melhor convivência com as outras pessoas e com o que lhe rodeia. Nada mal, convenhamos, quando a conclusão a que se chega quando se olha pra trás é ver que o que se foi já não serve mais. É como uma roupa larga quando você emagreceu. Haveria que fazer ajustes para que lhe caiba – e talvez mais interessante mesmo seja passá-la adiante e ir procurando o que se adequa melhor ao que o seu corpo pede hoje.
9.       Perdoe. Há um testemunho muito interessante a esse respeito que diz que a raiva é o veneno que se toma querendo que o outro morra. Perdoe, então, tudo e tod@s que fizeram, ou ainda fazem, você sofrer. O perdão não é uma concessão: é um merecimento. E você deve ter esse merecimento, no sentido de que não é prazeroso carregar uma bagagem pesada como o rancor, a mágoa, a desilusão a lhe toldar tudo o que faz. Nada do que nos ocorre é feito sem a nossa anuência, por mais estranho que esse pensamento possa parecer. O que a gente chama de destino pode ter outros nomes – e um deles, sem dúvida, é aquilo que na psicanálise se denomina como inconsciente. Sendo esta uma parte que guarda, de nós, a nossa essência e que não se dobra às vontades do ego, após já nos ter dado muitos avisos antes da situação atual, pode “aprontar” conosco no sentido daquilo que a gente atrai. Isso não isenta a outra pessoa do que nos fez, mas também não a condena. Porque, a propósito da traição, ninguém trai ninguém a não ser a si mesm@. E se lhe dói ter sido ou se considerar traída, é ainda o ego lhe impondo convenções às quais você não deve mais nenhuma satisfação. Deixe o outro ser, do jeito que lhe convém. A cada um/a conforme aquilo que deseja e que agüenta.
10.   Reafirme o seu direito de ser feliz. Há mil e uma maneiras de fazer isso – e pode ser que não lhe ocorra nenhuma agora. Normal. Saber desse direito é já um passo na direção dele. O mais a gente vai aprendendo, do jeito que pode, com as ferramentas que tem, com os auxílios luxuosos que vierem em nossa direção – e sobretudo com a certeza (se há que ter alguma...) de que todo esse processo é muito valioso. Não esqueça de, um dia, quando tudo isso passar, agradecer à pessoa que o lançou nele. O amor tem as mais variadas formas de manifestação – e essa pode ser uma delas!

7 comentários:

  1. Temos uma longa jornada, mas o importante é continuar caminhando!!

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  2. Me chamou atenção, em especial, essa frase: "A sua alma são as suas raízes: o que não se vê é justamente o que dá nosso sedimento."
    Gigi Castro.
    Agradecida por compartilhar conosco!

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  3. Que texto maravilhoso. Me acalmou. Grata!

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    1. bom reler o texto a partir de seu comentário. tem boas dicas, ele - rs. e grata por me devolvê-lo a partir do seu olhar.

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  4. Nem sempre temos essa coragem, porém é preciso ter.

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