terça-feira, 27 de dezembro de 2011

da série - amores vividos (texto antigo)


É daqui, de lugar nenhum, que te escrevo. Assim, despojadamente – como gostaria que fossem as letras (minúsculas, que escrevo – e se transformam em maiúsculas, por um mecanismo automático do computador...).
Queria estar na espanha.  Ao lado do meu amor. Velando seu sono, sua jornada – acompanhando sua vida de perto, de modo a não me perder nem perdê-la.... mas quis a vida que eu me aventurasse sozinha. Em meio às pessoas, em meio aos meus músicos (heróis!), em meio à minha própria vida... e aqui estou. Sozinha, escrevendo sabe pra quem!... escutando a rádio espanhola, pra ver se chego mais perto do meu amor – que desde há alguns dias, não me dá notícias... ou eu me conformo pouco com as que ela dá.
Tem uma coisa que me alegra: cantar para os movimentos – em que acredito. Não me importa mais ganhar:  “eu tô vendo uma esperança” é o bastante! Meu filho que adentra e diz: posso dormir na sua cama? e eu digo: pode. Porque é lindo seu amor por sua companheira.... qualquer dia desses, eu viro avó! Ah, que alegria! é tudo o que quero: ser avó!  E, nisso, me lembro de minha irmã – que deixou uma filha linda, atriz, minha ninoca... quero poder ser avó por nós duas. E vou!

Agora já é tarde. Estou embriagada – e de fato me vou!
(05.05.2007)


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

como uma laranja...


penetrar em si mesma
é um trabalho tão árduo
que qualquer distração é melhor
que a tarefa que se nos impõe.
no entanto, quando ela vem,
nada mais a fazer senão encarar.
e a imagem que se vê
é por vezes tão assustadora,
que melhor seriam todas as propostas
tentadoras (e por que não: enganadoras?...),
a esse encontro fatal.
não há, porém, como fugir.
pode se chorar, espernear, resistir – mas fugir, não mais.
o grande barato, então, é se entregar.
sofrer a não mais poder, até que deus (ou a deusa)
se compadeça de você
e resolva novamente lhe entreter – até de novo
lhe espremer, como se espreme uma laranja,
pra você saber o que é bom, não pra tosse,
mas pra crescer.

pontes

se o outro é um abismo
(se todo Outro é um abismo),
como erguer pontes
que nos permitam atravessar esse abismo?

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

mãe minha



eu hoje pela manhã
fui bem cedo no mercado
queria comprar uma mãe
mesmo que sem ser barato

pelejei por todo o dia
andei por todo lugar
troquei, vendi, aluguei
só não consegui foi achar

aquilo que me convinha...
será impossível encontrar
o que a nós mesmas religa
com o ser, pr'além de estar?!

sei que já quase vencida
e cansada de procurar,
descobri que ela me habita:
vou conseguir me criar!

(dedicado à minha amiga evanilde, no dia em que descobri, depois de fazer o poema, que vou ser avó...)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

cinema

ontem ri de mim mesma
vendo um filme argentino
depois chorei de emoção
com um que tratava do destino

quem, afinal,
sou eu:
a que chora ou a que sorri,
a que sofre ou a que é feliz?...





terça-feira, 13 de dezembro de 2011

presente

depois de uma peleja danada
entre o ego e a minha alma
depois do que agita e acalma,
eu hoje ganhei um presente
um presente que não esperava.



segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

aceitação

uma hora a gente chora,
outra hora a gente ri.
mas se é bem verdade que
"é melhor ser alegre que ser triste",
conquanto porém talvez 
é coisa que não mais existe:
prefiro me divertir
e apostar no que resiste! 

as marcas do infinito

nada a pedir
tudo a oferecer:
o amor que se sente
o sonho de ser feliz
o cuidado com o sentimento
a casa limpa
o coração aberto
a alma lavada
o corpo a fim
a felicidade
enfim
que não se ressume
no tudo ou nada
mas no absoluto
que é sempre relativo
àquilo que é possível
como um sonho bom
um beijo, um som
- e, como possível,
traz naquilo 
que é visível
as marcas 
do
infinito
 

domingo, 11 de dezembro de 2011

da série: é preciso ter coragem de ser feliz (mainha)

quando estou triste,
triste de não mais poder,
invoco mainha
e como que escuto ela dizer:
"neguinha!"
mainha não é minha mãe:
foi minha irmã.
de tão mandona que era,
tomei-a pela mãe que não tive.
essa voz, dentro de mim,
como que me chama quando me distraio de viver,
e entristeço.
essa voz,
forte como um carvalho
e resistente como um bambu,
chama aquilo com que me emociono
e fortaleço.
essa voz, contundente e tranquila,
me dá conta
de que enquanto o sol brilha
sobre nossas cabeças
não há que dar espaço
pra nada que nos entristeça.

sábado, 10 de dezembro de 2011

da série: é preciso ter coragem de ser feliz

arrumei a árvore de natal.
arrumei a casa.
arrumei papéis.
arrumei à beça!
vou sair agora um pouquinho 
e ver se desarrumo um pouco 
a minha cabeça...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

da série: amigos (merrencito)

merrem é o nome dele. mas carinhosamente o chamo merrencito. é como ele cabe no meu coração. 
fazia tempo não nos víamos, até passar todo o dia de hoje juntos, indo e voltando pra tianguá, botando todos os assuntos em dia, trabalhando com um grupo - tudo sendo motivo pra quase 24 horas de conversa.
e pense no cabra conversador! 
eu o chamo de "pop star do sertão", pois pra cada pessoa que encontra ele tem um aceno ou uma palavra ou um gesto de compaixão. porque ele é um apaixonado pela vida - e isso transpira em tudo que faz.
já depois de nos despedirmos, eu no posto próximo à minha casa, comprando uma cerveja pra relaxar do dia, ele me liga: "esqueci minha carteira no carro". e eu, que já sabia e estava justamente a caminho de novo do aeroporto, ao lhe entregar o que me pedira, digo: "acho que a saudade bateu, hein!" - ao que ele nem retruca, só sorri um riso lindo e concorda.


 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

da série: amigas

encontro de mulheres é sempre uma coisa muito interessante! no meio de um trabalho, vem uma amiga que te leva pra ver outras amigas - e nisso, pinta uma lagosta cratinada, um bom vinho e conversas que você nem sonhou em ter. o sono no outro dia vai estar prejudicado, mas a liberdade de poder ser para além do horário comercial é impagável!
(retirado do facebook - meu, claro)

 (a foto é repetida, também muito a propósito)