o amor,
esse sentimento a que se atribui tanto da nossa própria
sombra,
se faz é quando não se pensa nele.
é quando o gesto vira expressão.
é quando gesta-se uma nova ação.
é quando o medo,
esse companheiro de eras e milênios,
concede licença poética
aos que se
desapegam de si mesmos
e mergulham em
novas paisagens
como se nelas
estivessem à vontade
quando não estão
senão a esmo.
o amor,
esse sentimento em
nome do qual se perpetra tantas barbáries,
se faz é no
silêncio,
na escuta equânime
do outro,
absolutamente
isenta de julgamento,
na compreensão do
ser
tal qual ele se faz
ali, pra você,
nesse momento.
o amor,
esse sentimento em
nome do qual se gestam todos os receios,
é a correnteza, a
canoa, o condutor, o observador e o próprio rio,
é a aposta não no
visível mas no vazio
da qual unicamente
pode um dia
advir
o cheio.