quinta-feira, 18 de julho de 2013

morcegos (da série: os contraditórios são muito bem vindos!)

às vezes eu queria lhe dizer
para não ter mais medo.
nem de mim, nem de você,
nem de morcegos.
morcegos são medos que se pode nominar,
mas há medos mais profundos
que é importante dominar.
às vezes eu queria poder lhe ajudar
a descer do muro, da árvore
ou de qualquer outro alto onde você se encontrar.
não porque eu seja melhor que você:
somos a mesma, guardadas nossas singularidades.
e é por isso que não quero o seu mal:
querer isso é o mesmo que desejar
o meu mal.
o que eu quero, se posso querer,
é poder vê-la bem,
longe ou perto –
nem que nunca mais
a gente precise se rever.
porque este mundo, nesta dimensão, é um só.
e ele há de poder comportar
todos os nossos sentimentos e desejos,
se esses sentimentos e desejos
são, para além da nossa vaidade,
plenos do que nos liberta do medo
mediante a nossa vontade.

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