terça-feira, 17 de setembro de 2019

De bom humor! (da série: gratidão!)

Vovó que eu mais amo!…aquilo ficou soando na minha cabeça, porque dito sem que eu esperasse. Sim, porque quando digo que tem que tomar o xarope de beterraba ou a água de limão com alho, ou que tem que comer uma fruta, ou que é hora do banho, hora de dormir, hora de acordar, hora de parar... vixe! Eu sou a bruxaimpiedosachata― e por aí vai! Mas quando já está tomado banho, depois de um dia intenso, e já se alimentou de tudo o que foi possível negociar entre o desejado e o necessário, quando já o quarto se apronta para recebê-lo às vezes com o pai, na maior parte com a mãe, às vezes comigo mesma e o cenário é o de um conto (de fadas e não raro bem cruel, como o são os de Grimm originais) ou de uma música tocada ao violão (que ele pede cantada e eu faço, à sua distração por vezes, instrumental), aí é como se o anjo invocado na reza (meu anjo da guarda/meu bom guardador/guardai minha alma/pra nosso senhor/menino jesus cristinho/rogai por nós, amém) de fato acorresse ― e o menino se transformasse e me surpreendesse com esse: Vovó que eu mais amo! Nada que me iluda, pois a vó mais amada é sempre a que está mais perto, mas em meio a tanta agrura de que se tem notícia em tempos sombrios, eu rio e agradeço e reverencio o que o gesto e a fala me indicam: os deuses (e as deusas!) estão de bom humor! Evoé!

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