segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

presente de aniversário (da série: amores, presentes)

no dia dos teus anos,
fiquei eu pensando
com o que te presentear.
em tempos em que há escassez
não do essencial mas daquilo
com que geralmente compramos
aquilo que também geralmente é o que presenteamos ―,
vi-me instada a encontrar,
por isso mesmo (e não a esmo),
um outro modo de te reverenciar.

em silêncio e sob um céu azul,
tendo já andado e de chuva muita me molhado,
desejei que a imensidão
do que não se pode medir em humana medida
possa para todo o sempre habitar-te, e ser tua guarida.

e, lembrando dos sonhos
em que comumente voavas,
desejei que a fluidez
não te roube o peso nem a tez
daquilo que às vezes menoscabas:
o trabalho na terra
não prescinde do infinito,
mas nem por isso nele se encerra
ou abdica do que seja definido.

tendo, então, o equilíbrio necessário
entre o sonho e o real,
desejei-te saber transformar
em bem todo o mal.
e conhecer as leis,
mas não somente as da matéria:
as espirituais é que são os nossos reis
e o que lança luz sobre as nossas trevas.

por fim, desejei-te aquilo
que tu mesmo desejas:
uma casa, um trabalho,
o respeito d@s amig@s,
a intimidade das amantes,
o amor de todos os seres
e tudo o mais quanto,
sem exagero, for possível teres.

e que quando chegar a velhice,
continues com o espírito jovem
e dada a traquinices.
e que teus braços, sempre abertos,
possam acolher todos
os netos!

(isso o que pude te dar
quando nada tenho a te ofertar...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário