passou
o dia a articular o que seria o encontro para a entrega de um livro
emprestado por outrem. e combinou isso e aquilo. e deixa na casa de
uma amiga ― não, da
amiga, não: ela não atende o telefone... ah, então deixa na tua
casa mesmo, eu passo pra pegar quando der... vixe, acho que dá pra
hoje ― e nisso o dia
consumiu-se, até que saiu de casa pra resolver centas outras coisas.
pois.
perseguido e conseguido o primeiro objetivo ― imprimiu contas,
pagou-as na lotérica e seguiu ―, viu que melhor seria passar logo
na casa de outra amiga e deixar-lhe, por sua vez, um livro que você
emprestaria. passou. a amiga não estava, mas sentiu que adiantou
algo que, depois da aula que daria à noite, se tornaria mais
complexo, dada a vontade de conversar que se instalaria frente ao
neto que em casa a esperava, e ela queria ver. feito isso, rumou pra
entrega de outros produtos, mais perecíveis, na casa do pai. toma a
ciclofaixa. de pronto escuta uma buzina. mas são tantas buzinas no
mundo, por que teria que ser comigo?
eis
que o celular no bolso vibra. em movimento mesmo atende ― tem
aprendido algo de equilibrismo nos últimos tempos. pois não é que
era a amiga do livro que você mesmo pedira? e o que ela diz: acabei
de te ver passar por mim. você: massa! pois deixa o livro em casa,
que passo pra pegar depois de ir no meu pai. ela: tá comigo, aqui;
vou parar no próximo sinal.
nem
precisou de sinal, visto o engarrafamento habitual. mas você quase
foi atropelada por outra bicicleta, tanto foi o entusiasmo ao
perceber as artimanhas dessa sincronicidade, que!...
quando
ela baixa o vidro do carro e lhe entrega o livro, você só tem tempo
de dizer: grata, querida! e ainda tem quem não creia em deus!...
o
resto do dia foi pouco pra assimilar o quanto há de trabalho pra que a gente simplesmente seja e deixe ser aquilo que no
mundo precisa existir.
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