domingo, 25 de maio de 2014

pra branca (da série: amores possíveis)

o amor,
esse sentimento a que se atribui tanto da nossa própria sombra,
se faz é quando não se pensa nele.
é quando o gesto vira expressão.
é quando gesta-se uma nova ação.
é quando o medo, esse companheiro de eras e milênios,
concede licença poética
aos que se desapegam de si mesmos
e mergulham em novas paisagens
como se nelas estivessem à vontade
quando não estão
senão a esmo.

o amor,
esse sentimento em nome do qual se perpetra tantas barbáries,
se faz é no silêncio,
na escuta equânime do outro,
absolutamente isenta de julgamento,
na compreensão do ser
tal qual ele se faz
ali, pra você, nesse momento.

o amor,
esse sentimento em nome do qual se gestam todos os receios,
é a correnteza, a canoa, o condutor, o observador e o próprio rio,
é a aposta não no visível mas no vazio
da qual unicamente
pode um dia
advir
o cheio.

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