“é curioso
como não sei dizer quem sou. quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer.
sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não
exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.
ou pelo menos o que me faz agir não é o que sinto mas o que eu digo. sinto quem
sou e a impressão está alojada na parte alta do cérebro, nos lábios – na língua
principalmente –, na superfície dos braços e também correndo dentro, bem dentro
do meu corpo, mas onde, onde mesmo, eu não sei dizer.”
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