sexta-feira, 19 de abril de 2013



quando estou doente e me sinto traída
(não importa se fui ou não),
faço um trabalhinho
que muito me exige em ação:
imagino como a melhor pessoa do mundo
aquela que me traiu —
indo contra tudo que aprendi
num mundo que já ruiu:
mergulho com meu eu no seu eu
e faço minhas suas aflições;
trato suas feridas como minhas,
acolho suas dores como filhas,
embalo seus horrores como meus.

então não há mais divisão
nem necessidade de pecado ou perdão.
volto a cuidar do meu jardim,
faço adubo das mágoas e rancor —
e rezo pra que a chuva do amor
caia de novo sobre mim.

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