com
35 anos te conheci. estava no vigor dos meus anos. tudo me parecia
possível. trabalhava com crianças ― e de muita gente adulta ainda
não tinha dó, como tenho hoje, em que sobra em compaixão o que
àquela época me faltava em paciência.
paciência.
aprendi
contigo a paciência.
a
paciência dos ursos em hibernação.
a
paciências dos índios em plena ação.
a
paciência das baleias em gestação.
sim,
contigo aprendi a paciência.
aquela
que não tiveste comigo, quando mais dela precisei.
mas
de tudo fica um bom.
o
bom de teres me deixado foi que a mim mesma pude reencontrar,
não
facilmente, mas antes que a morte me chegasse, como um dia vai
chegar.
e
disso tenho tirado proveito.
assim:
me experimento de formas nunca antes desejadas.
tenho
tido lampejos!
tenho
feito de mim algo um pouco mais leve do que aquilo que te impus.
só
lamento que a distância tenha nos deixado quase imunes uma à outra.
gosto
(do verbo gostar) do gosto (substantivo) do amor.
gosto
do amor, mesmo quando ele me vira as costas.