Era uma vez uma
Príncipa.
Príncipa, para quem
não sabe, não é feminino de príncipe: é Príncipa e pronto.
Então.
Era uma vez uma
Príncipa que nasceu sob a influência de uma deusa muito poderosa.
O nome dessa deusa é
Vênus.
Ela é o amor, a
beleza, a delicadeza ― e
tudo isso Príncipa trazia,
só
que tão, tão escondido, que nem mesmo ela sabia.
Um
dia ― porque
sempre há um dia, ou vários! ―
Príncipa resolveu sair do
seu reinado.
Assustou-se!
Até
então, ela tinha sido cercada de todos os cuidados ―
e
ela era o próprio cuidado:
cuidava de si como quem sabe que para além do terreno,
há
em cada qual um elemento mágico, profundo, divino, sereno.
Pois.
Príncipa que era só, e cercada de, cuidado,
resolveu ir ao mundo.
E
como já trazia a música como companheira,
foi
através da música que ela fez ponte com
as terras estrangeiras.
Nossa,
como o mundo era grande!
Nossa,
como dava medo!
Nossa,
como se sentia insegura
fora dos seus cercados e dos seus segredos!
Mas
Príncipa, quando decidia
algo, era intrépida.
E
mesmo com todo o medo, com toda insegurança, com todo frio, com toda
sua herança
―
nem
sempre boa, às vezes pesada como o que nem ela mesma alcança... ―,
aventurou-se.
Foram
tempos tortuosos.
Quanta
coisa desmoronou!...
Quanto
novo
apareceu!!!!
Quanta
sacrifício se viu!
Quanto
prazer inesperado sucedeu...
Príncipa
caiu muitas vezes doente,
pois
quando a Alma
sofre, o corpo é quem
sente.
Teve,
então, que recorrer ao que
lhe era latente, mas que em algum ponto se perdeu.
E
quase como uma águia que renasce das cinzas de si mesma ―
ou
como planta que secou por um descuido, mas que alguém lembrou e
novamente aguou ―,
ela
fez-se outra: transformou-se
como a borboleta!
Descobriu
que era uma Príncipa!
E
que Príncipas podem ser,
para além de ter.
Riu-se
dos possíveis
que se abriam cada vez que vinha um novo amanhecer.
E
ficou tão, tão mais bonita do que sempre fora, que tudo em
volta parecia resplander
sua
beleza, sua doçura, sua leveza.
Príncipa
segue, então,
a sua sina ―
e
a sua sina não é outra
senão escrever a própria
história!
Não
como quem desatina, mas como quem lê para além do que se traz na
memória.
Príncipa
perdeu o medo ― há
mesmo quem diga que perdeu o juízo!...
A
verdade é que Príncipa segue cada vez mais radiante (ou,
eu diria, cada vez menos estranha)! ―
sem
segurança alguma que a
detenha,
sem
castigo algum que a contenha:
simples
como o próprio vento,
firme
como uma montanha.
(para a Príncipa, em meio às muitas transcrições...rs)