quinta-feira, 17 de outubro de 2013

cuscuz (da série: mapas da alma)

às vezes, 
sem que se saiba bem por quê,
o gosto da vida se esvai...
e assim como um fruto que da árvore cai,
cede o corpo à tentação de morrer.
a vitalidade toda estanca
como alguém que diante de um risco
se espanta
- e fica-se como que fora de si,
ou pelo menos daquilo que de si se conhece.

até que por um milagre qualquer
- uma palavra, um gesto, ou nada disso -
a vida volta a fluir sem compromisso.
já me aconteceu, e acontece a todo o povo:
e isso em si nada tem de novo.
mesmo assim sou grata sempre ao que me chega
como luz
quando tudo parece treva em minha imensidão.
hoje eu renasci por um cuscuz
- e a quem me deu,
a minha gratidão!
 

domingo, 13 de outubro de 2013

a propósito do 3 de outubro (da série: da graça presente!)

era uma vez
uma casinha
uma casinha
uma vez era
nela moravam
pessoazinhas
que pareciam
de uma outra
época

passou-se o tempo
o tempo passou
e a vida nela
continuou

mudou de cores
mudou de ares
mas sua essência 
nunca mudou

até que um dia
passados anos
em que a vida
mudou de planos
e quase tudo
ali se acabou
veio uma fada
dos habitates
e intercedeu
em forma de arte

nasceram gatos
morreram fatos
nesse intervalo 
de 15 anos
pro que valia
esquecer seus danos
enquanto a vida
traça outros planos...

e numa noite
assim de outubro
eis-me aqui
a relembrar tudo

que era uma vez
uma cidade
um céu azul
e a felicidade
de bem morar
numa casinha
em que reina
a arte
e a abundância
junto com a graça
da vizinhança 

era uma vez
- e por toda a vida -
uma casinha
na tianguá.
 

domingo, 6 de outubro de 2013

da série: nunca é tarde para aprender sobre...

filho é enigma.
a gente nunca sabe quando eles estão prontos pra.
um dia eles simplesmente vão –
e a gente se condói porque esquece
que os preparou exatamente pra isso
(como se fosse possível, até,
ser diferente esse compromisso)...