terça-feira, 13 de agosto de 2013

doze dicas para se compreender um amor que, conquanto ainda amado, não se deseja mais como paixão (da série: bons tempos virão!)

1.Tenha paciência consig@ mesm@. Se a paciência é item fundamental em qualquer situação de vida, nesta, particularmente, é sine qua non. Quando se decide não desejar mais como companheir@ (vale dizer, numa relação de casal) alguém com quem se conviveu tanto tempo (seja lá quanto tempo tenha sido esse “tanto tempo”!...), é uma parte de nós que decide: as outras, ah, as outras vão continuar tentando lhe fazer crer que você absolutamente não vive sem ele ou ela. E aí a paciência com a atitude tomada é necessária para que você leve adiante sua decisão, a despeito da veemente demanda de atualização de padrões antigos que baterão à sua porta... digo, à sua aorta! [rs] 

2.Tenha, então, todo o cuidado consigo mesm@. Sabendo que, como diz Gurdjieff, em cada um/a de nós reina um soberano diferente a cada cinco minutos, vale procurar integrar nossas várias dimensões, harmonizar nosso pensar/querer/sentir, quem sabe recorrer à própria pessoa que ainda é sujeito do nosso amor (mesmo que não mais da nossa paixão) para, simplesmente, buscar compreender. Não importa o quê! Compreender, tão somente. Nenhum adjetivo para o que um dia foi o amor, no sentido da relação, deve ser mais considerado como improvável, impossível, extraordinário — isso realmente não cabe mais. Então pondere, nesse contexto, pelo menos como um entre muitos possíveis o que você pode se dar, generosamente e para consigo, a partir da ação de compreender.

3.Elabore as emoções negativas que ainda hão de vir cada vez que você se deparar com as desacomodações da sua nova situação. Sim, porque se por muito tempo você acreditou que não poderia viver sem esse Outro, não é da noite pro dia que tudo o que você acumulou de sentimento (sobretudo os ruins) vai desaparecer. Mais: associar esses sentimentos à relação que finda sequer significa que seja ela a responsável por todos eles. Por isso, mãos à obra! Ressignifique os momentos vividos (aí, sim: vá dos mais recentes aos mais antigos, podendo, com certeza, chegar à infância — quem sabe, até transcendendo a atual encarnação, se meios para isso houver) colocando no seu lugar vivências boas que você mesm@ pode se proporcionar. Descobrir as coisas simples da vida, que vão desde a lida do trabalho reprodutivo (faxinar, cozinhar, cuidar) até as coisas... mais simples da vida [rs] (trabalhar pra ganhar o seu sustento, trabalhar pra ajudar outras pessoas, ser útil pra você e pro mundo, se divertir sem culpa, perder a noção de tempo, passear de bicicleta com amig@s, ir ver o pôr de sol na lagoa ou no espigão —dentre muuuuuuitas outras possibilidades...) podem ser de grande valia. Tente, e veja como funciona! Sabendo que é o sentido do movimento o que nos dá alegria, só não vale é ficar parad@ [rs].

4.Aprenda a lidar com seu ser em ressignificação. Isso significa: não ficar cutucando suas falhas, seus equívocos — e não dar força para o que, advindo de outrem, faça parecer que você, tão somente você, seja responsável pelo fim da relação. Primeiro: separação não é desastre! [rs] Segundo, dar-se conta de que “para sempre” não é “para sempre” torna-nos apt@s a não nos surpreender com o fato de que “nunca mais” possa ser um pouco menos que “nunca mais”... Assim, evite os extremos. Não é muito fácil, mas é possível, com algum trabalhinho. Nesse sentido, ajuda muito o cultivo de boas leituras, o ter do quê e de quem cuidar, o saber-se em confluências com pessoas, seres, lugares. Porque o que nos tira o chão, verdadeiramente, não é a ausência de alguém, seja quem for — mesmo que isso possa nos causar muita dor. O que nos tira verdadeiramente o chão é a gente não ter plantado em terra firme nossos verdadeiros anseios de crescimento nesta encarnação. Mas como nada é perdido, é sempre tempo de crescer — e para isso, nada como uma boa dose de empenho e disposição.

5.Confie na sua intuição. Não fomos criad@s para acreditar em nós, mas o exercício de se dar confiança pode ser de uma recíproca [rs] incrível — sobretudo no que toca à nossa capacidade de, contra todas as “evidências” (se é que as há!), tomar as decisões certas nas horas certas. Só quem viveu isso sabe do que estamos a tratar — mas para quem (ainda) não viveu, um alerta: é também sempre tempo de aprender a se conhecer e se respeitar.

6.Tenha compaixão. De si e do Outro! Sobretudo quando esse Outro, a despeito de lhe dizer o contrário, às vezes faz de conta que você não existe — sabe-se lá por quê!... Compaixão, diferente de qualquer sentimento a que lhe queiram assemelhar, significa ser responsável pelo que você vive, não projetando em outrem seus erros e fraquezas e não julgando de outrem os seus erros e fraquezas. Também não é muito fácil de se viver, estando, como estamos, neste planeta. Mas é aqui, não tenha dúvida, é aqui o lugar certo pra se exercitar nesta arte. E uma vez brincante desse ofício, ele de tal modo se nos torna intrínseco para a mirada do Outro que, doravante, a gente nem lembra mais de como era viver sem ele. É mesmo como uma brincadeira, se a gente não se leva demasiadamente a sério (no tocante ao ego) e não acredita que as nossas questões, por mais interessantes que sejam (e são!), sejam a razão de ser do mundo. Isso não implica em nenhuma fórmula mágica, mas faz toda a diferença nesta nossa Era deixar de lado a escravidão a que nos condicionou uma educação que tem no medo seus pilares — e vale a pena tentar ser feliz em outros parâmetros, mesmo que não se saiba ainda exatamente quais são.

7.Abra-se ao novo. O que quer dizer: abra-se a olhar de outro jeito o antigo. O novo nunca é só o que nos parece chegar pela primeira vez. O novo é a capacidade de renovar o nosso olhar cada vez que, por necessidade de segurança, a gente tende a cristalizar coisas, seres, pessoas na prisão dos nossos juízos, medos e (pre)conceitos — ou seja, num modo estagnado de conceber o mundo. O mundo está em constante movimento. Há que se pôr nessa dança, que não se faz só com nossos membros mas com todo o nosso ser. Assim, exercitar o olhar de modo diferente torna os possíveis em realidade — já que realidade, convenhamos, é aquilo que cada um/a de nós elege para si mesm@.

8.Tenha sempre em conta que, mais importante do que chegar a um termo (qualquer termo) dentro da relação que findou (enquanto casal), é alimentar, vale dizer, cuidar para que a relação que se instaura seja regada de verdade e bondade. Isso nem sempre significa ausência de conflitos. Não. Às vezes há coisas que precisam ser ditas, vividas, sem que se possa dizer delas que sejam exatamente o que chamamos de agradável. Nem todo mundo topa ir fundo nesse sentido, mas você sempre tem a chance de ser verdadeir@ e bondos@ consigo mesm@ quando elege olhar as coisas de frente à opção de escamoteá-las. E aí, não esqueça de desconstruir um pouco do muito que aprendeu ao longo de sua vida sobre camuflar seus verdadeiros sentimentos — se não pra ninguém mais, pra você ao menos...

9.Não atribua nunca mais (pois é de se supor que já o tenha feito...) à pessoa que seu amor escolheu para conviver como seu atual amor a responsabilidade pelo que quer que seja, incluindo o seu rompimento. Essa é, provavelmente, a prova de fogo para o seu ego. Nossa vaidade e orgulho, feridos quando da separação, e nossa necessidade de afirmação diante da nova situação se munem não raro de razões tão fortes para nos fazer crer que, em verdade, o Outro é sempre “a questão” (pra não dizer: “o problema”...), que se nos parecem irrefutáveis quando o mote é projetar aquilo que vivemos. Assuma que você, tão somente você, é responsável pela sua vida. Isso vale para aceitar ou resistir no tocante ao que ela lhe apresenta. Sendo você mesm@, e a um só tempo, autor/autora, diretor/a e ator ou atriz de sua própria história, não precisa procurar muito pra encontrar quem de fato é o sujeito da questão...

10.Não tenha pressa em arranjar um novo amor. É importante fazer bem feito o luto daquilo que finda — mesmo sabendo que o amor nunca finda, tão somente algumas formas de manifestá-lo, expressá-lo, vivê-lo. Quando se pensa em “fim” para o amor é como querer conter um rio simplesmente se interpondo à sua passagem: como a água que jorra e que segue a despeito de você, assim é o amor, numa acepção ampla e profunda — não depende da gente querer para sentir, ainda que o sentir em si possa, sim, ser constantemente trabalhado. Portanto, o que finda é uma relação de casal — mas isso é tão pouco diante das inúmeras possibilidades que se abrem e se estendem diante de nós que só cabe a você decidir-se por uma ou algumas delas. Por isso não tenha pressa. Deixe que as coisas se assentem em você. É preciso muita calma interior pra não sair fazendo aos outros aquilo que não se deseja para si. Nisso vale muito a tranqüilidade de esperar o tempo de cada coisa — e enquanto isso, seguir feliz com os milagres de cada dia. Há tanta sabedoria espalhada ao nosso redor que basta ter os sentidos alertas para perceber.

11.Permita-se algumas loucuras saudáveis, como fazer da segunda-feira um domingo, alegrar-se com a felicidade alheia mesmo quando implica em algum sacrifício seu, solidarizar-se com a dor do Outro ainda que se tenha tripudiado da sua. E tenha sempre em mente que tudo passa — mesmo a uva passa passa [rs]. Então nada como dar-se conta da grande lei que vige pelos próximos 13 mil anos, vale dizer, a da reconciliação — exercitando-a com tudo e com tod@s ao seu redor.

12.Faça, como diz uma sábia amiga, de cada dia a razão de ser de sua felicidade. Não é preciso nada de “especial” para isso. Abrir a janela e dar com o céu azul, curtir um bom dia de chuva, não se aperriar com o calor dos trópicos, ver as flores amarelas da vizinha refletidas no seu espelho, ouvir o riso de uma criança amada, dar-se conta da vida que pulsa nos gatinhos que acabaram de nascer, das cores e sons que você é capaz de criar e perceber — tudo e nada pode ser o mote dessa escolha. Faça-a! Porque nada terá valor, como diz Steiner, se a coragem nos faltar. E, como é costume nosso e a gente sempre diz, é sempre tempo de aprender que... é preciso ter coragem de ser feliz!

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

aniversário (da série: dos milagres de cada dia)

e porque hoje é oito
e porque é o mês de agosto
e porque faz um ano desse mesmo oito
um ano desse mesmo agosto
a gente ri e comemora
e fica feliz com o bem
e manda embora todo o mal
pra só cantar parabéns
pro TAO!

trabalhim (da série: é preciso ter coragem de ser feliz - sempre!)

às vezes fico pensando que as pessoas
que nos fazem sofrer devem lá ter suas razões pra
nos fazer sofrer.
e que por isso, a gente o que tem que fazer
é se aquietar e esperar passar.
assim: como quem espera que
passe uma chuva,
um resfriado,
um tempo ruim.
pensar assim dói menos que
se achar aviltada
vilipendiada
maltratada.
ter bons sentimentos é por si só
já um bom antídoto
ao mal que nos fazem –
seja esse mal fruto de ações
conscientes ou nem tanto.
o importante, como diz uma linda amiga,
é o tanto de felicidade
que a gente mesma
constrói a cada dia.
esse trabalhim, sem dúvida alguma,
é o que pode nos dar
da verdadeira alegria.

domingo, 4 de agosto de 2013

"a princesa da água da vida" (da série: amores presentes)

quando tudo parece dizer
que o pior está por acontecer,
eu faço como o personagem da história sufi
"a princesa da água da vida":
nunca alguém foi tão desacomodada
por um gênio ruim que a perseguia,
mas nunca também por um fio
conseguiu sair tão bem de todos os desafios.
é por isso que eu
diante daquilo que
simplesmente excedeu
apenas confio.
 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

citação (da série: mapas da alma e/ou da série: amores presentes e/ou da série: os contraditórios são muito bem vindos!)

"quando começamos a 
florescer, estamos em
nosso maior equilíbrio.
trata-se de um fluir
para o cosmos e para o
plano etéreo. não 
estarmos mais voltad@s
para nós mesm@s, mas sim
para o mundo. a 
integração se dá através
de nossos corpos que se 
abrem em espirais
coloridas num espetáculo
caleidoscópico, uma
paisagem onde a vida
imita a arte."
(da sempre amiga/amada ou da sempre amada/amiga [rs]
 soraya vanini tupinambá, escrito em julho de 1998)