1.Tenha
paciência consig@ mesm@. Se a paciência é item fundamental em qualquer situação
de vida, nesta, particularmente, é sine
qua non. Quando se decide não desejar mais como companheir@ (vale dizer,
numa relação de casal) alguém com quem se conviveu tanto tempo (seja lá quanto
tempo tenha sido esse “tanto tempo”!...), é uma parte de nós que decide: as
outras, ah, as outras vão continuar tentando lhe fazer crer que você absolutamente não vive sem ele ou ela. E
aí a paciência com a atitude tomada é necessária para que você leve adiante sua
decisão, a despeito da veemente demanda de atualização de padrões antigos que baterão à sua porta... digo, à sua aorta! [rs]
2.Tenha,
então, todo o cuidado consigo mesm@. Sabendo que, como diz Gurdjieff, em cada
um/a de nós reina um soberano
diferente a cada cinco minutos, vale procurar integrar nossas várias dimensões,
harmonizar nosso pensar/querer/sentir, quem sabe recorrer à própria pessoa que
ainda é sujeito do nosso amor (mesmo que não mais da nossa paixão) para,
simplesmente, buscar compreender. Não
importa o quê! Compreender, tão
somente. Nenhum adjetivo para o que um dia foi o amor, no sentido da relação,
deve ser mais considerado como improvável,
impossível, extraordinário — isso realmente não cabe mais. Então pondere, nesse
contexto, pelo menos como um entre
muitos possíveis o que você pode se dar,
generosamente e para consigo, a partir da ação de compreender.
3.Elabore
as emoções negativas que ainda hão de vir cada vez que você se deparar com as desacomodações da sua nova situação.
Sim, porque se por muito tempo você acreditou que não poderia viver sem esse Outro, não é da noite pro dia que tudo o
que você acumulou de sentimento (sobretudo os ruins) vai desaparecer. Mais: associar
esses sentimentos à relação que finda sequer significa que seja ela a
responsável por todos eles. Por isso, mãos à obra! Ressignifique os momentos vividos
(aí, sim: vá dos mais recentes aos mais antigos, podendo, com certeza, chegar à
infância — quem sabe, até transcendendo a atual encarnação, se meios para isso houver)
colocando no seu lugar vivências boas que você mesm@ pode se proporcionar.
Descobrir as coisas simples da vida, que vão desde a lida do trabalho
reprodutivo (faxinar, cozinhar, cuidar) até as coisas... mais simples da vida [rs]
(trabalhar pra ganhar o seu sustento, trabalhar pra ajudar outras pessoas, ser
útil pra você e pro mundo, se divertir sem culpa, perder a noção de tempo,
passear de bicicleta com amig@s, ir ver o pôr de sol na lagoa ou no espigão —dentre
muuuuuuitas outras possibilidades...) podem ser de grande valia. Tente, e veja
como funciona! Sabendo que é o sentido do
movimento o que nos dá alegria, só não vale é ficar parad@ [rs].
4.Aprenda
a lidar com seu ser em ressignificação.
Isso significa: não ficar cutucando suas falhas, seus equívocos — e não dar
força para o que, advindo de outrem, faça parecer que você, tão somente você, seja
responsável pelo fim da relação. Primeiro: separação não é desastre! [rs]
Segundo, dar-se conta de que “para sempre” não é “para sempre” torna-nos apt@s
a não nos surpreender com o fato de que “nunca mais” possa ser um pouco menos
que “nunca mais”... Assim, evite os extremos. Não é muito fácil, mas é
possível, com algum trabalhinho.
Nesse sentido, ajuda muito o cultivo de boas leituras, o ter do quê e de quem cuidar,
o saber-se em confluências com pessoas, seres, lugares. Porque o que nos tira o
chão, verdadeiramente, não é a ausência de alguém, seja quem for — mesmo que
isso possa nos causar muita dor. O que nos tira verdadeiramente o chão é a
gente não ter plantado em terra firme nossos verdadeiros anseios de crescimento
nesta encarnação. Mas como nada é perdido,
é sempre tempo de crescer — e para isso, nada como uma boa dose de empenho e
disposição.
5.Confie
na sua intuição. Não fomos criad@s para acreditar em nós, mas o exercício de se dar confiança pode ser de uma recíproca
[rs] incrível — sobretudo no que toca à nossa capacidade de, contra todas
as “evidências” (se é que as há!), tomar as decisões certas nas horas certas.
Só quem viveu isso sabe do que estamos a tratar — mas para quem (ainda) não
viveu, um alerta: é também sempre tempo de aprender a se conhecer e se respeitar.
6.Tenha
compaixão. De si e do Outro! Sobretudo quando esse Outro, a despeito de lhe
dizer o contrário, às vezes faz de conta que você não existe — sabe-se lá por quê!... Compaixão, diferente de qualquer
sentimento a que lhe queiram assemelhar, significa ser responsável pelo que
você vive, não projetando em outrem seus erros e fraquezas e não julgando de
outrem os seus erros e fraquezas. Também não é muito fácil de se viver,
estando, como estamos, neste planeta. Mas é aqui, não tenha dúvida, é aqui o lugar certo pra se exercitar
nesta arte. E uma vez brincante desse
ofício, ele de tal modo se nos torna intrínseco para a mirada do Outro que,
doravante, a gente nem lembra mais de como era viver sem ele. É mesmo como uma brincadeira, se a gente não se leva
demasiadamente a sério (no tocante ao ego) e não acredita que as nossas questões,
por mais interessantes que sejam (e são!), sejam a razão de ser do mundo. Isso
não implica em nenhuma fórmula mágica,
mas faz toda a diferença nesta nossa Era deixar de lado a escravidão a que nos
condicionou uma educação que tem no medo seus pilares — e vale a pena tentar
ser feliz em outros parâmetros, mesmo que não se saiba ainda exatamente quais
são.
7.Abra-se
ao novo. O que quer dizer: abra-se a olhar de outro jeito o antigo. O novo
nunca é só o que nos parece chegar pela primeira vez. O novo é a capacidade de
renovar o nosso olhar cada vez que, por necessidade de segurança, a gente tende
a cristalizar coisas, seres, pessoas na prisão dos nossos juízos, medos e (pre)conceitos
— ou seja, num modo estagnado de conceber o mundo. O mundo está em constante
movimento. Há que se pôr nessa dança,
que não se faz só com nossos membros mas com todo o nosso ser. Assim, exercitar
o olhar de modo diferente torna os possíveis
em realidade — já que realidade,
convenhamos, é aquilo que cada um/a de nós elege para si mesm@.
8.Tenha
sempre em conta que, mais importante do que chegar a um termo (qualquer termo)
dentro da relação que findou (enquanto casal), é alimentar, vale dizer, cuidar para que a relação que se
instaura seja regada de verdade e bondade.
Isso nem sempre significa ausência de conflitos. Não. Às vezes há coisas que
precisam ser ditas, vividas, sem que se possa dizer delas que sejam exatamente
o que chamamos de agradável. Nem todo
mundo topa ir fundo nesse sentido, mas você sempre tem a chance de ser
verdadeir@ e bondos@ consigo mesm@ quando elege olhar as coisas de frente à
opção de escamoteá-las. E aí, não esqueça de desconstruir um pouco do muito que aprendeu ao longo de sua vida sobre
camuflar seus verdadeiros sentimentos — se não pra ninguém mais, pra você ao
menos...
9.Não
atribua nunca mais (pois é de se
supor que já o tenha feito...) à pessoa que seu amor escolheu para conviver
como seu atual amor a responsabilidade pelo
que quer que seja, incluindo o seu rompimento. Essa é, provavelmente, a
prova de fogo para o seu ego. Nossa vaidade e orgulho, feridos quando da
separação, e nossa necessidade de afirmação diante da nova situação se munem
não raro de razões tão fortes para
nos fazer crer que, em verdade, o Outro é sempre “a questão” (pra não dizer: “o
problema”...), que se nos parecem irrefutáveis
quando o mote é projetar aquilo que vivemos. Assuma que você, tão somente você,
é responsável pela sua vida. Isso vale para aceitar ou resistir no tocante ao
que ela lhe apresenta. Sendo você mesm@, e a um só tempo, autor/autora, diretor/a
e ator ou atriz de sua própria história, não precisa procurar muito pra encontrar
quem de fato é o sujeito da
questão...
10.Não
tenha pressa em arranjar um novo amor. É importante fazer bem feito o luto daquilo que finda — mesmo sabendo
que o amor nunca finda, tão somente algumas formas de manifestá-lo,
expressá-lo, vivê-lo. Quando se pensa em “fim” para o amor é como querer conter
um rio simplesmente se interpondo à sua passagem: como a água que jorra e que
segue a despeito de você, assim é o amor, numa acepção ampla e profunda — não depende
da gente querer para sentir, ainda
que o sentir em si possa, sim, ser
constantemente trabalhado. Portanto, o que finda é uma relação de casal — mas isso
é tão pouco diante das inúmeras possibilidades que se abrem e se estendem
diante de nós que só cabe a você decidir-se por uma ou algumas delas. Por isso
não tenha pressa. Deixe que as coisas se assentem em você. É preciso muita calma interior pra não sair fazendo aos
outros aquilo que não se deseja para si. Nisso vale muito a tranqüilidade de
esperar o tempo de cada coisa — e enquanto isso, seguir feliz com os milagres
de cada dia. Há tanta sabedoria espalhada ao nosso redor que basta ter os
sentidos alertas para perceber.
11.Permita-se
algumas loucuras saudáveis, como
fazer da segunda-feira um domingo, alegrar-se com a felicidade alheia mesmo
quando implica em algum sacrifício seu, solidarizar-se com a dor do Outro ainda
que se tenha tripudiado da sua. E tenha sempre em mente que tudo passa — mesmo
a uva passa passa [rs]. Então nada
como dar-se conta da grande lei que vige pelos próximos 13 mil anos, vale
dizer, a da reconciliação — exercitando-a
com tudo e com tod@s ao seu redor.