domingo, 31 de março de 2013

citação: "as lágrimas douradas do perdão" (da série: mapas da alma 5)

"Foi só recentemente que completei a lição particular que meus pais conceberam para mim — a das lágrimas douradas do perdão. Perdão não significa que o que lhe aconteceu está certo. Não estava, não está agora e nunca estará. Perdão significa não ter nenhuma energia ainda agregada ao que lhe aconteceu. Você não tem nenhuma necessidade de vingança ou de resolução. Perdão significa que não há mais nenhuma raiva ou dor conectada àquilo.
Perdão é o veículo para corrigir falsos juízos. Ao perdoarmos, deixamos de lado a resistência, que é medo, e damos a nós mesmos e aos outros a oportunidade de fluir e seguir adiante. É difícil perdoar e amar aos outros quando não nos libertamos da dor e da mágoa que o comportamento deles e o nosso nos causou. Geralmente, é quando temos uma compreensão ou percepção limitada do comportamento deles que ficamos bloqueados para amá-los. Quando entendemos que o que nos fizeram foi uma extensão do amor, então aprendemos a compreender. Era amor, mas não como o conhecemos. Se aprendemos o amor de um modo doloroso quando pequenos, só conseguiremos dar amor da mesma forma quando adultos. A pessoa que estiver recebendo este amor não conseguirá tê-lo e achará isto imperdoável. Só permanecemos em estado de rancor quando precisamos manter aquela pessoa apegada a nós. O perdão permite que o elo que nos mantém presos àquela pessoa se solte. Abre espaço para que um novo sentimento se instale com a reconciliação. Precisamos também entender que os outros não precisam mudar para que tenhamos paz de espírito. Você também pode parar de se flagelar. Ao tocarmos outra pessoa com o perdão, já não precisamos ou exigimos nada dela; está acabado, feito e completo. Perdoar é compreender, não apenas ter pena. O perdão permite que a vida desabroche e se abra."
 
(texto retirado do livro "a cura pelas cores" de lilian verner bonds; 
imagens de carla rebouças a propósito da exposição "in.ventos/cores" de 
fabi brogliato, maité santiago e tauí castro) 

terça-feira, 19 de março de 2013

oração (da série: que o de dentro aja sobre o de fora)

"que minhas lágrimas 
virem chuva!" - 
eu disse em 15 de março
buscando me enternecer
com aquilo de que 
é marco.
 
"que minhas lágrimas
virem chuva!" - 
invoco para
o sertão:
neste 19 de março
é esta minha
oração!
  

domingo, 10 de março de 2013

da série: os contraditórios também são bem vindos

acordei como quem dorme
dormi como quem sonha
sonhei como quem vive
vivi como quem morre

depois de morta
um dia resolvi renascer
e daí vi coisas difíceis
de se crer

(descobri que a morte
tem muitos jeitos 
de viver...)