há que deixar os sentimentos apascentarem
e decantarem, como quem decanta um
líquido
e esperar o tempo deles descansarem
enquanto correm e nos percorrem como um
rio
há que deixar morrer o que já não pulsa
vivo
e há que revivescer o que supostamente
morto ainda vive
há que se abrir ao novo e ao que nos
chega livre
desamarrar da dor, da raiva e do perigo
há que simplesmente ser, sem mas, porém
ou todavia
ser simplesmente — e feliz reconhecer-se a
despeito!
há que não crer no que nos ditam as
ladainhas
do contrário do amor, que é só o medo
há por ciência que desaprender
os condicionamentos todos que tod@s vamos
ter
e há que reaprender a estar
consigo mesm@ independente do tempo que
fará
há (porque outro verbo não se adéqua mais)
de haver o que poeta diz: mais compaixão!
e chegar um dia ao que só o perdão faz
mas sem mais necessidade de perdão, de sim ou não: só paz!